top of page

SALVE O POVO CIGANO!

Os Ciganos são um povo originado de populações do sudoeste do continente asiáticos (norte/ noroeste da Índia), obrigadas a emigrar em direção ao ocidente, possivelmente em ondas, entre aproximadamente 500 e 1000 d.C., devido a perseguições étnico-culturais.


Nômades em sua maioria, os Ciganos se espalharam praticamente por toda Europa e de lá para as Américas. Mas não tendo uma ligação histórica precisa a uma pátria definida ou a uma origem segura, por onde passavam foram discriminados e até escravizados.


Lendas e provérbios apresentam os Ciganos como vilões, chegando-se a recorrer à Bíblia para “justificar” tal discriminação, alegando-os descendentes de Caim (!).

Assim, apesar da riqueza de sua cultura, os Ciganos se tornaram mais uma “minoria” discriminada e tratada com desprezo. E os espíritos que optaram por usar essa roupagem também encontraram resistência ao se apresentarem até chegarem à Umbanda.

Notoriamente inclusiva e aberta para todo e qualquer espírito que se proponha a realizar a caridade desinteressada e se adeque a sua doutrina, a Umbanda acolhe com respeito e dá espaço para trabalhar toda Entidade de Luz, seja sob qual roupagem for. Caboclos, Pretos Velhos, Crianças, Exus, Malandros, Boiadeiros, Marinheiros, Hindus, Egípcios, Esquimós, desde que queiram trabalhar pelo bem do próximo, são todos benvindos em nossa religião.


Com os Ciganos não foi diferente. Assim, o povo que na Terra conheceu o preconceito e a discriminação – e até hoje, em alguns lugares ainda vive tal realidade! – encontrou na Umbanda um porto seguro para por em prática seus conhecimentos de magia, cumprindo sua missão espiritual. Missão essa alicerçada na alegria, na interação respeitosa com a natureza, na liberdade individual, no respeito à experiência e sabedoria dos mais velhos e na preocupação com o bem estar coletivo.


Chegaram aos terreiros, vindos do oriente, trazendo sua magia e seus encantos. Sábios, trouxeram o brilho do dia e os mistérios da noite. Festeiros, trouxeram música e dança. Conhecedores dos caminhos do coração trouxeram bons conselhos para os apaixonados. Argutos, trouxeram lições do sobreviver feliz, mesmo sendo colocado à margem da sociedade.


No início, por suas características, foram “associados” aos Exus e Pombagiras, sendo mais frequentemente saudados nas festas de Povo de Rua. Aos poucos, sua presença cresceu e muitas Casas passaram até a ter sessões e festas dedicadas exclusivamente a eles.


Entretanto, a discussão sobre se Ciganos são ou não Exus parece mais originada numa “preocupação” exclusivamente mundana, calcada no medo e no preconceito: medo de que o preconceito contra os Compadres e Comadres atinja aos Ciganos, do que numa “necessidade” de diferenciação, já que comparando-se as manifestações desses dois grupos de Entidades, encontramos mais similaridades do que diferenças: ambos gostam de música, de dança, de festa; são extrovertidos, alegres e sorridentes; são espirituosos; entende das energias do amor e do sexo; trabalham e vivem pelas estradas. De certa forma também podem ser chamados de Povo de Rua!


Certamente cada um se apresenta com uma roupagem e tem sua área de trabalho distinta, mas nada impede que haja, em alguns casos, uma “sobreposição”:

Dado o grande número de encarnações que todos os espíritos passam, a probabilidade desses amigos iluminados, que hoje se apresentam nos terreiros com o nome de Ciganos, terem sim vivido peregrinando pelo mundo em caravanas, junto com seus clãs, não é pequena. Porém, como ocorre com todas as outras “roupagens” na Umbanda, esses espíritos, não necessariamente, viveram como tais em suas passagens pelo nosso orbe, mas encontraram nessa forma, a maneira mais adequada de cumprir sua missão.

Assim, agradecemos a presença de nossos amigos e amigas Ciganas em nossas Casas. E pedimos sua iluminação e proteção. Hoje e sempre!

Salve, o Povo Cigano! Salve, toda a Ciganada!


Arriba, Cigano!


Optchá!

A verdadeira caridade é impalpável como a luz e invisível como o perfume: dá o calor, dá o aroma, mas não se deixa tocar nem ver.

Coelho Neto - escritor, político e professor brasileiro​​

bottom of page