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Sobre regras e livre-arbítrio

Naqueles dias de muito calor, não te dá vontade de sair pelado por aí!? E quando você está de “saco cheio” dos estresses do trabalho, tudo o que você quer não é ficar em casa, de bobeira, fazendo nada!? Ou quando, no trânsito, aquele “mau-torista” para em local proibido, atrapalhando a vida de todo mundo, a vontade não é de ir lá e barbarizar com ele?… Muito provavelmente você deve ter respondido afirmativamente a todas essas perguntas. Mas já parou para pensar por que a gente continua usando roupa no calor, indo para o trabalho mesmo sem vontade de estar lá e se limitando a só (!) xingar mentalmente o tal motorista egoísta? Por que será que, só muito raramente e/ ou em condições bem específicas – ao menos, assim se espera! – é que a gente dá vazão a essas vontades? Afinal, a gente não deveria poder – ou poderia dever?! – fazer tudo o que quisesse?! A gente não tem o tal do LIVRE-ARBÍTRIO?! Não é isso que a gente aprende no Terreiro?!

Bom, vamos à reposta: sim e não! Sim porque a gente aprende mesmo no Terreiro que tem livre-arbítrio; que, como Espíritos, somos responsáveis pelas nossas escolhas E, TAMBÉM, pelas consequências delas; que podemos nos deixar ser influenciados – para o bem e para mal – mas, em última instância, isso também é uma escolha nossa. E aprendemos também que, além da LEI da liberdade, há também outras que regem nossa passagem por esse mundo: as leis do progresso e da sociedade, por exemplo.


E é aqui que entra a parte do “não” dessa resposta. Ter livre-arbítrio NÃO é sair por aí fazendo o que nos dá na telha, ignorando as regras do convívio social ou da civilidade, por exemplo. Na verdade, é exatamente por ter o livre-arbítrio, que fizemos uma ESCOLHA de nos submeter a uma sociedade, que, com seus cerceamentos vai nos ajudar a nos lapidar e, assim, evoluir. Logo, conforme nossos amigos do alto nos dizem, o entendimento mais adequado do que é o livre-arbítrio é a possibilidade de "ceder ou resistir às más tendências que todos nós estamos voluntariamente submetidos." Bem no estilo "'tudo é permitido', mas nem tudo convém". A escolha continua sendo nossa, mas o entendimento é bem diferente!


Sabendo que o nível de adiantamento moral dos Espíritos que agora estão sobre a Terra, na maioria das vezes, ainda facilita o ceder às más tendências, os Espíritos de Luz – em especial aqueles responsáveis pela evolução de um grupo, como é o caso da Cúpula Espiritual de um Terreiro – se propõem a “dar uma mãozinha” – sem interferir no livre-arbítrio de cada um! – na evolução dos agrupamentos humanos, orientando os Espíritos que optam por se colocar sob sua tutela no que diz respeito a essas escolhas.


Assim, mesmo você se submetendo às regras da sociedade, do seu trabalho, da escola, do clube, do Terreiro, seu livre-arbítrio continua intacto e segue em pleno uso. Isso porque 1) VOCÊ FEZ ESSAS ESCOLHAS – escolheu viver nessa sociedade, trabalhar onde trabalha, estudar onde estuda, fazer parte do corpo mediúnico da Casa onde está; e ainda 2) VOCÊ TEM A LIBERDADE de escolher encarar as consequências dessas escolhas como fonte de aprendizado – ou não!


Considerando-se a inexorabilidade da Lei do progresso, muito provavelmente você escolheu – e vai continuar escolhendo a cada nova encarnação! - os “esmeris” que melhor se adequam às suas necessidades de aprendizado. E aqui vale ressaltar que é claro que suas escolham poderiam – e sempre ainda podem! – ser outras: você pode optar por viver isolado, por não trabalhar, por não estudar, por não fazer parte de um Terreiro. Mais uma vez: é tudo uma questão de escolha sua! Você só é “obrigado” a EVOLUIR. Assim como é “obrigado” a respirar para se manter vivo. 😉


Com isso em mente, sua estada numa organização religiosa, no nosso caso aqui específico, o seu encontro com a Umbanda, o seu pertencimento ao corpo mediúnico de um Terreiro também foi uma escolha sua e que deve lhe ajudar a evoluir.


E aqui vale abrir um parêntese: modéstia à parte, nesse caso, a nossa Umbanda dá uma aula! Com sua pluralidade, nossa religião nos dá tantas opções que é praticamente impossível não existir um local que atenda às nossas necessidades! É muito mais fácil encontrar um Terreiro que nos acolha e no qual nos sintamos em casa do que virar um ermitão, viver sem trabalhar e/ ou estudar, afastado da sociedade. Fecha parêntese!


O respeito ao livre-arbítrio é algo tão importante na Umbanda que seu ensino é constantemente reiterado: no Terreiro, aprendemos que nossas escolhas – fruto da nossa faculdade de optar, do nosso livre-alvedrio! – nos levam pelos caminhos que precisamos para cumprir nosso aprendizado aqui na Terra. E que é também por uma dessas escolha que, deliberadamente, tomamos o caminho da Umbanda. Escolhemos, com a ajuda dos nossos Guias, o lugar que poderá melhor nos ajudar em nossa evolução.


Mas é preciso sempre ter claro que as escolhas – sejam elas quais forem – trazem consigo suas consequências. No caso de se escolher fazer parte de um Terreiro, a consequência é ter de estar suscetível aos aprendizados que ele pode – e vai! – proporcionar ao GRUPO como um todo. Pois um Terreiro de Umbanda é uma fonte abundante de momentos de aprendizados: uma espécie de sala de aula onde nossos professores, as Entidades de Luz, nos levam para sermos apresentados à “teoria” e na qual também temos muitas “amostras práticas” dessas teorias!


Além de ouvir os conselhos das Entidades, podemos observar nossos irmãos – aprender com suas ações e reações; ter o convívio com as diferentes pessoas, conhecer diferentes formas de ver o mundo – identificar afinidades e diferenças; treinar nossa resiliência, dominar nosso ego – se submeter às regras da Casa, à sua disciplina, hierarquia, participar dos eventos, dos rituais. Enfim, se instruir pela vivência.


É de estranhar que um aluno – especialmente um aluno adulto! – vá para escola, mas não se dedique à aula, não preste atenção à matéria. Esteja lá alienado do que é apresentado à turma. Isso faz muito pouco sentido… Do mesmo modo que também não faz sentido um médium estar num Terreiro alheio às oportunidades de aprendizado que ali lhe são constantemente ofertadas.


Isso porque sabemos que é da participação ativa e engajada que se faz o aprendizado. Por isso, cada instante dentro do Terreiro é precioso; pois é uma oportunidade única de se conhecer, aprender e evoluir; para darmos mais um passo no nosso processo de lapidação; para fazermos a nossa REFORMA ÍNTIMA e progredir na ESCOLA DA VIDA.


E você? Tem escolhido prestar atenção às aulas? Tem optado por aproveitar as oportunidades que estão lhe sendo apresentadas? Tem usado bem seu livre-arbítrio? 😉


"Vovô me ensina a ler! Vovô quero aprender!


Me empresta sua cartilha que eu também quero aprender!"


Por Rogério Toscano, SCCT do CCD

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